SOU POLICIAL já há alguns anos.
Ainda assim, certos eventos nunca me são “só mais um punhado de fuleiragem” convencional à exauriente rotina de polícia judiciária.
Expedir uma guia de exame de necropsia, por exemplo, é sempre um momento que me instiga a refletir acerca da fragilidade extrema da condição humana que circunscreve o fato de estarmos vivos.
IMPRIMIR a guia, encarar o familiar, explicar-lhe os procedimentos legais, falar sobre a liberação do corpo - naquela atmosfera sensível que mistura atores em condutas paradoxais - são movimentos que me provocam o desconforto de agir com uma frieza antinatural - mas, confesso, estratégica.
Esse fingido esvaziamento de alguns afetos é o que me garante a sobrevivência ante o caos da vida pós-moderna. Nem ouso falar da Fé, porque ela já é o elemento óbvio que me sustém. No entanto, a mim é inescapável a violenta “ressaca” ao me ver sem qualquer capacidade de confortar o meu próximo. Ainda que palavras sejam minha praia, elas são ineficazes quando o mar não dá pé…
De um lado, eu: policial, profissional, firme na postura e didática nas explicações sobre os trâmites; de outro, uma mãe que acabara de perder a filha de 31 anos num grave acidente automobilístico.
Confabulando silenciosamente sobre o divino fôlego da vida, penso nas circunstâncias que tornam vida e morte elementos antitéticos misteriosamente articulados. Definitivamente, não atribuo ao acaso essa condição que aproxima, infinitamente, dois lados opostos e reduz a passagem a um finíssimo cordão de prata. “Para morrer, basta estar vivo!” - assim diria o acertado clichê…
Acabo de expedir a guia de exame pericial para a mãe levar ao IML, a fim de ser liberado o corpo.
-É só atravessar o pátio, senhora, e entregar o documento ao recepcionista. Meus sentimentos!… (digo eu, com a angústia extrema de saber estar sabotando minha vontade, notando uma distância violenta entre o que quero dizer e o que efetivamente digo).
“Meus sentimentos!” é tudo o que me ocorre na hora. E sempre me sinto drasticamente incapaz de elaborar qualquer palavra que reúna os efetivos sentimentos desejados a quem entrego um atestado de morte. Movimento contraditório e violento. Morre a palavra na minha boca também.
-Obri…gad…a…
Respondera a mãe em tom quase inaudível, enquanto se levantava cambaleante, embargando a voz molhada de lágrimas e carregando na face o semblante devastado pelas razões óbvias.
A vítima estava grávida de seis meses.
.
Suellen Borges
Intervalo de plantão na 15a Subdivisão Policial de Cascavel-PR
13/01/2023
Ainda assim, certos eventos nunca me são “só mais um punhado de fuleiragem” convencional à exauriente rotina de polícia judiciária.
Expedir uma guia de exame de necropsia, por exemplo, é sempre um momento que me instiga a refletir acerca da fragilidade extrema da condição humana que circunscreve o fato de estarmos vivos.
IMPRIMIR a guia, encarar o familiar, explicar-lhe os procedimentos legais, falar sobre a liberação do corpo - naquela atmosfera sensível que mistura atores em condutas paradoxais - são movimentos que me provocam o desconforto de agir com uma frieza antinatural - mas, confesso, estratégica.
Esse fingido esvaziamento de alguns afetos é o que me garante a sobrevivência ante o caos da vida pós-moderna. Nem ouso falar da Fé, porque ela já é o elemento óbvio que me sustém. No entanto, a mim é inescapável a violenta “ressaca” ao me ver sem qualquer capacidade de confortar o meu próximo. Ainda que palavras sejam minha praia, elas são ineficazes quando o mar não dá pé…
De um lado, eu: policial, profissional, firme na postura e didática nas explicações sobre os trâmites; de outro, uma mãe que acabara de perder a filha de 31 anos num grave acidente automobilístico.
Confabulando silenciosamente sobre o divino fôlego da vida, penso nas circunstâncias que tornam vida e morte elementos antitéticos misteriosamente articulados. Definitivamente, não atribuo ao acaso essa condição que aproxima, infinitamente, dois lados opostos e reduz a passagem a um finíssimo cordão de prata. “Para morrer, basta estar vivo!” - assim diria o acertado clichê…
Acabo de expedir a guia de exame pericial para a mãe levar ao IML, a fim de ser liberado o corpo.
-É só atravessar o pátio, senhora, e entregar o documento ao recepcionista. Meus sentimentos!… (digo eu, com a angústia extrema de saber estar sabotando minha vontade, notando uma distância violenta entre o que quero dizer e o que efetivamente digo).
“Meus sentimentos!” é tudo o que me ocorre na hora. E sempre me sinto drasticamente incapaz de elaborar qualquer palavra que reúna os efetivos sentimentos desejados a quem entrego um atestado de morte. Movimento contraditório e violento. Morre a palavra na minha boca também.
-Obri…gad…a…
Respondera a mãe em tom quase inaudível, enquanto se levantava cambaleante, embargando a voz molhada de lágrimas e carregando na face o semblante devastado pelas razões óbvias.
A vítima estava grávida de seis meses.
.
Suellen Borges
Intervalo de plantão na 15a Subdivisão Policial de Cascavel-PR
13/01/2023
Nobres, alguém aqui fez PMES? Quero olhar a prova. Se alguém tiver cópia, enviar para profsuellenborges@gmail.com —> EM FORMATO PDF, POR FAVOR!
💡 Nobre, quando foi a última vez que você produziu um texto dissertativo?
Ao longo dos dias, postarei algumas dicas valiosas aqui para sua produção de texto.
Ao longo dos dias, postarei algumas dicas valiosas aqui para sua produção de texto.
🎯 REDAÇÃO | Dica 1 ✍️
“Prof, minha letra é feia. Posso ser penalizado por isso na redação?”
Depende!
Você pode ter a letra feia, só não pode ter a letra ILEGÍVEL.
Legibilidade é um critério relevante para a prova discursiva. Você deve escrever de maneira que o examinador entenda as palavras e não precise traduzir o que foi escrito. Poupe o trabalho do corretor.
Vejo vocês na próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
“Prof, minha letra é feia. Posso ser penalizado por isso na redação?”
Depende!
Você pode ter a letra feia, só não pode ter a letra ILEGÍVEL.
Legibilidade é um critério relevante para a prova discursiva. Você deve escrever de maneira que o examinador entenda as palavras e não precise traduzir o que foi escrito. Poupe o trabalho do corretor.
Vejo vocês na próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
🎯 REDAÇÃO | Dica 2 ✍️
“Puts, rasurei! Tô eliminado?” ⚰️
Depende!
Essa rasura foi indiscreta? Molhou a folha definitiva com suas lágrimas? Furou a folha? Rasgou? 🥲 Aí a eliminação vem mesmo. Mas se foi um erro pequeno, há salvação sim, graças a Deus! 🙌🏻
Rasuras indiscretas podem chamar a atenção para um critério importante, que é a identificação do autor do texto. Aí a eliminação é cogitada.
O recomendado a se fazer quando se errar alguma letra ou palavra do texto dissertativo é apenas passar um traço sobre a palavra e reescrevê-la em seguida. Ah, e nada de isolar essa rasura entre parênteses, viu? Parênteses são um recurso de pontuação, não devem ser usados para finalidade distinta.
💡 Errou? Não crie pânico. Passe um suave traço SOBRE a palavra e a reescreva EM SEGUIDA (não em cima nem embaixo). Combinado?
Vejo vocês na próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
“Puts, rasurei! Tô eliminado?” ⚰️
Depende!
Essa rasura foi indiscreta? Molhou a folha definitiva com suas lágrimas? Furou a folha? Rasgou? 🥲 Aí a eliminação vem mesmo. Mas se foi um erro pequeno, há salvação sim, graças a Deus! 🙌🏻
Rasuras indiscretas podem chamar a atenção para um critério importante, que é a identificação do autor do texto. Aí a eliminação é cogitada.
O recomendado a se fazer quando se errar alguma letra ou palavra do texto dissertativo é apenas passar um traço sobre a palavra e reescrevê-la em seguida. Ah, e nada de isolar essa rasura entre parênteses, viu? Parênteses são um recurso de pontuação, não devem ser usados para finalidade distinta.
💡 Errou? Não crie pânico. Passe um suave traço SOBRE a palavra e a reescreva EM SEGUIDA (não em cima nem embaixo). Combinado?
Vejo vocês na próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
🎯 REDAÇÃO | Dica 3 ✍️
“Prof, como usar siglas na redação?” 🤔
As siglas são práticas, mas o uso inadequado pode prejudicar a clareza do texto e até confundir o leitor.
O mais importante a se lembrar com relação ao uso de uma sigla no texto dissertativo é: na primeira menção, use o termo por extenso seguido da sigla entre parênteses. Por exemplo: Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS). Nas próximas menções, use apenas a sigla.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
“Prof, como usar siglas na redação?” 🤔
As siglas são práticas, mas o uso inadequado pode prejudicar a clareza do texto e até confundir o leitor.
O mais importante a se lembrar com relação ao uso de uma sigla no texto dissertativo é: na primeira menção, use o termo por extenso seguido da sigla entre parênteses. Por exemplo: Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS). Nas próximas menções, use apenas a sigla.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
🎯 REDAÇÃO | Dica 4 ✍️
“Repetições de palavras não são bem vistas no texto dissertativo. Mas como evitá-las?” 🤔
Usar a mesma palavra repetidamente reflete problema de COESÃO.
Uma dica para evitar repetições é usar sinônimos ou recorrer a pronomes. Em alguns casos, é preciso reformular toda a frase. Por exemplo, em vez de repetir o termo “problema” várias vezes, use “questão”, “dificuldade”, “problemática”, “desafio”, entre outros.
Quanto ao uso de pronomes, convém ficar claro a que ou a quem eles se referem dentro do texto.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
“Repetições de palavras não são bem vistas no texto dissertativo. Mas como evitá-las?” 🤔
Usar a mesma palavra repetidamente reflete problema de COESÃO.
Uma dica para evitar repetições é usar sinônimos ou recorrer a pronomes. Em alguns casos, é preciso reformular toda a frase. Por exemplo, em vez de repetir o termo “problema” várias vezes, use “questão”, “dificuldade”, “problemática”, “desafio”, entre outros.
Quanto ao uso de pronomes, convém ficar claro a que ou a quem eles se referem dentro do texto.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
🎯 REDAÇÃO | Dica 5 ✍️
“Como fazer uma boa introdução?” 🤔
Gente boa, vocês devem saber, mas não custa reforçar: a introdução é a porta de entrada do seu texto. Ela deve ser clara e objetiva, apresentando o tema e trazendo uma tese — posicionamento sobre o assunto.
Muita gente tem dificuldade para começar o texto. Uma dica é pensar no tema de forma global e usar uma frase de contextualização logo no início; em seguida, dá pra apresentar a tese de forma direta. Por exemplo, num tema sobre “segurança pública no Brasil”, é possível começar a redação contextualizando com uma frase como: “A segurança pública é um dos grandes desafios das sociedades contemporâneas, especialmente em países com altos índices de violência, como o Brasil.” Em seguida, inserir a tese: “Para superar esse desafio, é fundamental a integração de políticas sociais e ações policiais eficazes.”
Vale destacar: a introdução não pode conter detalhes demais.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges
“Como fazer uma boa introdução?” 🤔
Gente boa, vocês devem saber, mas não custa reforçar: a introdução é a porta de entrada do seu texto. Ela deve ser clara e objetiva, apresentando o tema e trazendo uma tese — posicionamento sobre o assunto.
Muita gente tem dificuldade para começar o texto. Uma dica é pensar no tema de forma global e usar uma frase de contextualização logo no início; em seguida, dá pra apresentar a tese de forma direta. Por exemplo, num tema sobre “segurança pública no Brasil”, é possível começar a redação contextualizando com uma frase como: “A segurança pública é um dos grandes desafios das sociedades contemporâneas, especialmente em países com altos índices de violência, como o Brasil.” Em seguida, inserir a tese: “Para superar esse desafio, é fundamental a integração de políticas sociais e ações policiais eficazes.”
Vale destacar: a introdução não pode conter detalhes demais.
Até a próxima dica!
— Profa. Suellen Borges