🤩 | ALAGOAS

Quilombo dos Palmares

O quilombo dos Palmares, (1630-1695), foi a mais importante resistência à escravidão africana na história brasileira. Este foi um espaço onde pessoas de diversas etnias da África não apenas se libertavam da escravidão, mas também reconstituíam as tradições de seus países de origem. Para alguns historiadores, foi a 1ª experiência republicana do Brasil.

O quilombo surge no começo da invasão holandesa no Nordeste do Brasil, no século 17. As disputas entre portugueses e holandeses facilitaram a resistência dos escravizados. O local onde o quilombo se estabeleceu foi na região da Serra da Barriga, no atual município de União dos Palmares, próximo a Maceió, onde hoje há um memorial em sua homenagem.

Sua população era formada por diversas etnias africanas, que lá ingressavam tanto por meio de fugas dos engenhos quanto por ações dos quilombolas, que capturavam escravos nas fazendas e os libertavam. Estima-se que, em 1670, havia ali 20.000 habitantes, mais que o dobro da população do Rio de Janeiro à época.

No quilombo, a organização política não era conforme o modelo de democracia que conhecemos hoje, mas havia infinitamente mais liberdade e direitos do que no Brasil colônia. A escravidão era abolida e havia distribuição de poder entre as etnias. Inclusive, a primeira líder de Palmares foi uma mulher, Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares.

Por ameaçar a continuidade da escravidão no Brasil, Palmares causou preocupação entre os portugueses, que o invadiram 18 vezes. Durante a liderança de Ganga Zumba, tentou-se fazer um acordo, para que o quilombo fosse dissolvido, em troca da liberdade daqueles que nasceram no local. Pela recusa do acordo, Ganga Zumba é assassinado. Seu sobrinho, Zumbi, foi o último líder, e o que mais resistiu a invasões portuguesas, até ser assasinado, em 1695, e se tornar um mártir.

Apesar de ter sido derrotado, a memória de Palmares demonstra como os africanos resistiram, e não aceitaram passivamente a escravidão.

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🤩 | MARANHÃO

Indígena Tibira

O indígena Tibira é, segundo a historiografia do Brasil colônia, a 1ª vítima de homofobia da história do Brasil e símbolo da luta LGBTIQA+ e anti-colonial. Seu nome é, na realidade, a forma (não pejorativa) como os tupinambas se referiam a homens homossexuais.

Esta história remonta aos anos 1613 e 1614, quando o Maranhão estava sob ocupação da França. Antes da chegada dos franceses ao território brasileiro, já se tinha relatos dos portugueses dizendo que os povos indígenas eram “promíscuos, sodomitas e normalizavam a luxúria, homossexualidade e poligamia.” Por isso, os franceses chegaram aqui querendo “purificar” os “pecadores”.

Segundo relato do antropólogo Luiz Mott, Tibira foi a 1ª pessoa condenada à pena de morte pelo crime de “sodomia”. Sua execução ocorreu a mando do frade francês Yves d'Évreux, que, sem autorização expressa da Igreja Católica, aplicou as leis da França do século 17, que prescreviam pena de morte para homossexuais.

Os franceses viam a liberdade sexual dos povos indígenas como prova de que eram “selvagens” e precisavam ser catequizados. Os deuses indígenas eram retratados como figuras diabólicas.

A execução ocorreu no forte de São Luis e teve participação tanto de frades como de indígenas convertidos ao catolicismo.

Antes de ser morto com um tiro de canhão, Tibira foi batizado, para que “subisse aos céus livre dos pecados que cometeu na Terra”. Seu nome de batismo se tornou Dimas, nome do santo católico que é considerado o “bom ladrão” pois, antes de morrer, este se arrependeu dos crimes de roubo que cometeu durante a vida e aceitou a palavra santa.

Atualmente, alguns antropólogos, movimentos sociais e até vertentes libertárias da Igreja Católica reivindicam que Tibira seja canonizado, pois o seu martírio foi comparável a de um santo, que morreu em nome de uma causa e de forma injusta e opressiva.

A história está registrada no livro “História das Coisas Mais Memoráveis Acontecidas no Maranhão nos Anos de 1613-1614.”

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🤩 | PERNAMBUCO

Revolução Pernambucana

Ocorrida em 1817, quando a Corte Portuguesa estava no Brasil, foi o 1º grande movimento liberal, republicano e anti-colonial da história do Brasil, que ultrapassou a fase da conspiração e efetivamente proclamou, ainda que por 02 meses, a independência e a república de Pernambuco.

No século 19, Pernambuco era a capitania mais lucrativa do Brasil, porém, sofria desgaste econômico pela concorrência de suas principais commodities, o algodão e o açúcar, com o algodão dos EUA e o açúcar da Jamaica. A situação se agravou com a vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, haja vista que a Coroa aumentou os impostos que a capitania deveria pagar para financiar os seus luxos na capital fluminense. Somado à grande seca que a capitania enfrentou em 1816, a qual foi completamente negligenciada por Portugal, cresceu na região a revolta contra o colonialismo português.

A revolução teve forte influência dos ideais iluministas da Revolução Francesa de 1789. O movimento teve apoio logístico tanto dos EUA, quanto dos oficiais fiéis Napoleão Bonaparte, que queriam que o ex-líder francês fugisse do exílio em Santa Helena e se instalasse na capitania.

Teve participação de diversos membros da igreja, vide Frei Caneca, motivo pelo qual foi apelidada de “Revolução dos Padres”. Contou também com apoio de senhores de engenho descontentes com a carga tributária.

A revolução triunfou brevemente e, naquele ano, deu origem à Assembleia Constituinte que redigiu a 1ª Constituição de Pernambuco. Contudo, o movimento foi rapidamente reprimido por Dom João VI, que temia a desintegração do Brasil e a independência de todo o território. A dura repressão contou com o esquartejamento de seus principais líderes, tais quais Vigário Tenório, e prisões políticas em massa, como a da revolucionária Bárbara de Alencar, 1ª presa política do Brasil.

Os ideias da revolução contribuíram para que, 05 anos depois, fosse proclamada a Independência do Brasil.

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🤩 | PARAÍBA

Revolução de 1930

A Revolução de 1930 foi o movimento que destituiu a República Velha e mudou o curso da história brasileira. Teve apoio de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul.

Durante a República Velha, vigorava a “política do café com leite”, em que as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais se alternavam no poder, contando com o voto de cabresto e o coronelismo dos estados. Em 1930, o presidente era o paulista Washington Luis que, pela regra, deveria indicar o mineiro Antônio Carlos para ser seu candidato nas eleições. Porém, Washington rompe o acordo e indica o paulista Julio Prestes, desagradando a aristocracia mineira.

Como resultado, a elite de Minas Gerais passa a apoiar a chapa formada pelo gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa. Os 3 estados formam, assim, a Aliança Liberal, e conseguem amplo apoio das classes médias urbanas, descontentes com o monopólio da aristocracia cafeeira paulista, sobretudo após a crise de 1929, que derrubou os preços do café de São Paulo e, assim, desestabilizou toda a economia brasileira. Também houve apoio massivo dos militares progressistas, os “Tenentistas”.

Como esperado, Julio Prestes vence a eleição e, prontamente, a Aliança Liberal aponta fraude e estimula a população a contestar o resultado. O estopim, porém, ocorre no dia 26/07, quando João Pessoa é assasinado. O paraibano se torna mártir e, até hoje, é celebrado como herói na Paraíba. Tanto que a cor preta na bandeira do estado remete ao luto pela sua morte, e a palavra NEGO faz alusão à negação do povo paraibano em aceitar Julio Prestes e a aristocracia cafeeira.

Como resultado do martírio de João Pessoa, a Aliança Liberal tem êxito em dar o golpe e impedir que Julio Prestes tomasse posse. Com isso, Getúlio Vargas se torna oficialmente o presidente do Brasil, dando início a 15 anos de mudanças em nossa história. Era o fim de um Brasil feudal e agrário e o início de um Brasil efetivamente capitalista, industrial e moderno.

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🤩 | AMAZONAS

Belle Époque

A Belle Époque brasileira, que vai do final do século 19 ao início do século 20, foi um dos períodos de maior modernização artística, arquitetônica e tecnológica da história do Brasil. Este fenômeno teve seu epicentro nos estados do Amazonas e Pará, cujas capitais, Manaus e Belém, tornaram-se as cidades mais avançadas do Brasil à época.

Esta fase de modernidade do Norte foi possível graças ao boom da borracha, commoditie produzida na região e altamente demandada pelos ingleses durante a 2ª Revolução Industrial. Se antes o Amazonas era um estado pouco povoado, agora ele passou a atrair muitos migrantes, sobretudo do Ceará, que desejam lucrar com esta nova atividade.

Foram os lucros da borracha que tornaram Manaus uma das mais desenvolvidas cidades da América. A cidade foi a 1ª do Brasil a receber a luz elétrica e o tratamento de esgoto. Teve também a inauguração de bondes elétricos, portos e serviços de água.

Porém, o que mais se destacou na Belle Époque amazonense foi a evolução da arquitetura. O dinheiro advindo da borracha, que representava 40% das exportações brasileiras, permitiu a contratação de arquitetos, pintores e escultores europeus, que construíram largas ruas, edifícios e palácios inspirados na arte neoclássica francesa. Por este motivo, Manaus era conhecida como a “Paris dos trópicos”.

O maior símbolo deste período foi o Teatro Amazonas, um dos mais belos teatros do mundo. Inspirado no Grand Palais francês, mas com uma cúpula tipicamente brasileira, o monumento simbolizou a riqueza do estado, e foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1966. Além dele, Manaus também passou a se destacar por sua majestosa biblioteca, suas belas catedrais e o prédio que abrigava sua Alfândega. Andar pelas ruas manauras era pouco diferente de conhecer uma capital europeia.

Em suma, foi este período que efetivamente integrou o Norte do país à economia nacional e dinamizou esta região do Brasil, antes esquecida pelos colonizadores portugueses.

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🤩| MATO GROSSO DO SUL

Guerra do Paraguai

O conflito envolvendo a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai, contra o Paraguai tem início em 1864, quando o país liderado pelo ditador Francisco Solano López, e seus ideais expansionistas, resolve invadir o Brasil e atacar a Argentina.

O estopim da guerra foi uma intervenção do Brasil no Uruguai em favor do Partido Colorado, que vivia um conflito com o então governista Partido Blanco. O presidente López viu essa intervenção como uma ameaça ao equilíbrio de poder na região e, em resposta, ordenou a apreensão do navio brasileiro Marquês de Olinda no rio Paraguai, e em dezembro de 1864 decide invadir o Mato Grosso, que na época também abrangia o território do Mato Grosso do Sul.

A invasão foi vista como uma grave ameaça à integridade do território nacional por Dom Pedro II e seu gabinete, que decide declarar guerra ao Paraguai e mobilizar tropas para defender a região. Além da força militar, o governo brasileiro procurou apoio diplomático em países próximos como Argentina e Uruguai, que também estavam preocupados com os ideias expansionistas de López.

A guerra teve um resultado devastador para o Paraguai, que perdeu grande parte de sua população masculina no conflito. Algumas estimativas sugerem que o país teria perdido algo entre 60-90% desse recorte populacional. Também estima-se que dezenas de milhares de combatentes brasileiros e argentinos perderam suas vidas durante as ofensivas.

Com o esgotamento do Paraguai e sua derrota simbolizada pela morte do ditador Solano López por militares brasileiros em 1870, chegava ao fim a Guerra do Paraguai. Como consequência, a guerra causou, além das perdas humanas, um endividamento do governo brasileiro junto com os bancos ingleses que financiaram os esforços através de empréstimos. E marcou também o fortalecimento das Forças Armadas Brasileira e o início da decadência da Monarquia.

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🤩 | BAHIA

Guerra dos Canudos

Ocorrida de 1896 a 1897 no sertão da Bahia, a Guerra de Canudos é a maior representação do “Brasil profundo”, aquele invisibilizado pelas elites brasileiras. Foi também o maior movimento de contestação à República Velha.

Nos primeiros anos da República, a população do sertão nordestino estava descontente com a superexploração nos latifundiários, com os elevados impostos pagos ao Governo Federal, e com o estabelecimento, a partir da Constituição de 1891, da separação entre Igreja e Estado, em um país profundamente católico.

Neste contexto, Antônio Conselheio, um pregador católico popular e leigo, desligado da Igreja tradicional, reune sertanejos miseráveis que fugiam da servidão nos latifúndios, os quais passam a segui-lo em direção a uma Terra Prometida. Este local seria o povoado de Canudos, rebatizado de Belo Monte pelo líder messiânico.

Lá, Conselheiro e seus seguidores fundam uma cidade livre dos impostos republicanos e do latifúndio, extremamente religiosa e onde não havia propriedade privada. A fome deu lugar à fartura, e o latifúndio à agricultura familiar.

O tamanho de Belo Monte, que chegou a ter 25.000 moradores, põe o governo brasileiro em alerta, com medo de que o movimento se espalhasse pelo Brasil e derrubasse a República. Assim, mentindo para a população que Conselheiro pretendia “restabelecer a monarquia”, o Governo Federal envia 3 expedições mal sucedidas para o território, que são derrotadas pela Guarda Popular de Belo Monte.

Na 4ª expedição militar, o governo usa da repressão violenta e consegue não apenas destruir toda a cidade, como também assassinar todos os seus habitantes, até mesmo os que se renderam à República. Antônio Conselheiro é decapitado, e sua cabeça se torna um troféu do exército brasileiro.

Este conflito/massacre mostra como a política brasileira sempre esteve distante de seu povo, e que, em toda a nossa história, a população não aceitou calada sistemas de poder injustos, a despeito da repressão.

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🤩 | RIO DE JANEIRO

Revolta da Chibata

Em 1910, marinheiros negros se revoltam com punições físicas, aplicadas por superiores; de maioria branca, após um de seus companheiros, Marcelino Rodrigues Menezes receber 250 chibatadas por ‘agredir’ um superior a bordo do encouraçado Minas Geraes. Foi Liderada pelo herói, João Cândido Felisberto, conhecido como o “Almirante Negro”.

A revolta teve início no dia 22 de novembro de 1910, quando marinheiros tomaram o controle de vários navios de guerra ancorados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e ameaçaram bombardear a cidade caso suas exigências não fossem atendidas. Suas principais reivindicações eram o fim das brutais chibatadas, melhores condições de trabalho e tratamento mais humano para os marinheiros.

O governo brasileiro inicialmente atendeu os pedidos dos marinheiros diante da ameaça iminente de bombardeios à cidade, prometendo o fim das punições físicas e concedendo anistia a todos os envolvidos. No entanto, após assumir o controle da situação, o governo passou a reprimir os revoltosos que confiaram na palavra do Presidente Hermes da Fonseca.

Muitos dos envolvidos foram presos e enviados para celas insalubres na Ilha da Cobra, tendo o exemplo mais emblemático, o líder do movimento, Felisberto, que foi enviado a uma cela com mais 17 marinheiros onde 10 morreram sufocados e de fome devido as condições desumanas. Os prisioneiros tinham acesso limitado a água potável e alimentos, e muitas vezes eram sujeitos a agressões fisicas.

A revolta criou um legado de luta e resistência anti racista na Marinha brasileira que só foi reconhecida décadas mais tarde, quando as chibatadas foram finalmente abolidas como forma de punição na corporação. João Cândido Felisberto e seus companheiros só foram anistiados em 2008. O líder da revolta é visto como um revoltoso e insubordinado marinheiro pela Marinha até os dias de hoje, que se recusa a atribuí-lo o título de herói e reverenciar sua luta.

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