Coração de Urtiga 🌿
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Reflexões vivas sobre Terra Corpo como Medicina: eco-filosofia, eco-mitologia, espiritualidade da Terra, herbalismo, movimento, arte e terapia eco-somáticos.
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🕯️NATAL E REGULAÇÃO NERVOSA

O Natal é uma celebração que pode ser muito activadora de todas as dinâmicas familiares vividas na infância bem como de lutos ou perdas, quando alguém importante já não se senta à mesa connosco. 
Pode ser uma enorme porta para a re-traumatização onde nos sentimos sob ameaça e onde o nosso sistema nervoso se pode sentir em sobrecarga e muita tensão.

O que pode ajudar?
Partilho algumas estratégias simples de regulação nervosa, que podem não funcionar para toda a gente, mas que são uma forma de abrir caminho a que o nosso sistema nervoso se oriente e sinta amparo. Escolhe as que sentires serem mais ajustadas a ti, mas guarda as restantes para quando precisares.

Fazer pausas: se começa a ficar demasiado intenso estar num lugar, situação ou conversa faz uma pausa.
Podes ir respirar à janela, caminhar um pouco, ou até ir à casa de banho para ter um tempo de solidão reparadora.
Coloca uma mão no coração outra no ventre, sente a respiração debaixo das mãos mantendo a respiração nasal.
Ao mesmo tempo,
Podes usar a respiração 4 por 8 ( conta até 4 para inspirar e conta até 8 para expirar)
Não forces a respiração, fica só com a atenção à contagem e ao toque das mãos.

Pousa o olhar em lugares do espaço que te tragam sensações físicas agradáveis. O objetivo não é ignorar o que não está bem, é notar que para além do que não está bem também há lugares de conforto e de amparo quer no corpo quer no espaço.

Usa roupa e calçado muito confortáveis, que te permitam sentir os pés no chão e a bacia e abdomen livres para respirar profundamente quando necessário.
Usa cores e texturas quente façam sentir acolhida e em segurança.
Podes usar também um objeto de conforto, por exemplo um colar que te ajude a manter em contacto com um senso de presença, consciência e proteção. 

Move os pés no chão e sente a segurança do solo quando começares a sentir activação. Sente os pés suportados pelo chão e observa o que está a acontecer mantendo a tua presença no teu corpo e respiração.

Procura cadeiras muito comodas e apoia a zona lombar totalmente, podes usar uma almofada.

Se precisares de chorar, procura chorar de uma forma que apoie a descarga nervosa e não a sobrecarga:
respirar com consciência enquanto choro, inspirar e expirar sem reter a respiração enquanto as lágrimas caiem, ter as costas apoiadas e uma mão no coração outra na barriga. 
Não ir à procura de razões mentais, seguir só o corpo qd chora e qd pára espontaneamente. Manter os olhos abertos e pestanejando suavemente.

Se sentires raiva toma tempo para ir caminhar: podes dar uma caminhada bem rápida que permita ao sistema descarregar. Sabe que tens direito a sentir raiva só precisas de um contexto onde ela não tenha que se tornar um conflito.

Se estás a viver um luto dá - te a possibilidade de reconhecer a presença de quem não está presente, com palavras, fotografias ou uma vela acesa. O Amor perdura e une mesmo através da morte e da saudade.

Respeita os teus limites: se há conversas que não queres ter não deixes que aconteçam.
Se há perguntas a que não queres responder, diz educadamente que não é um bom momento para falares disso.
Se sentes cansaço sai da festa no momento em que o teu corpo precisa e vai descansar.
Não exijas demais de ti nem dos outros: cada pessoa está onde está. Reconhece e valoriza cada um dos teus passos até chegar aqui. Certamente fizeste o melhor que podias. 

Lembra que o açúcar e o álcool desorganizam totalmente o sistema nervoso, modera muito as quantidades quando estás num contexto desafiante porque tanto a desregulação como a regulação são mais difíceis na presença destas duas substâncias.

Se os sons das vozes ou do local forem demasiado fortes coloca tampões de ouvidos. Não vão bloquear todo o som mas vão baixar a intensidade, reduzindo assim a activação nervosa sonora 
Se música te ajudar e fôr possível considera escutar quer antes ou depois como durante música de apoio ao sistema nervoso ( sons da natureza, música clássica, instrumental ou outra que sintas que te ajuda a ter uma respiração mais profunda e a estar mais no teu corpo, acalmando gradualmente a velocidade mental).

Podes usar plantas regenerativas do sistema nervoso como chá de alfazema camomila, passiflora, cidreira. Tintura de passiflora. Também podes colocar duas gotinhas de óleo essencial de alfazema, camomila ou gerânio na roupa ou na pele.

Se tiveres que passar alguns dias fora de casa inclui na estadia pelo menos uma caminhada solitária por dia e leva coisas para fazer que te foquem sem esforço ( cozinhar, costurar, tricotar, pintar ou o que quer que funcione para ti).

Toma um momento a sós e lembra qual o local onde te sentes melhor, o que mais adoras. Nota as sensações do teu corpo quando lá estás e deixa que ampliem. Lembra que este lugar existe, fazes parte dele e ele de ti, e dá -te forças para atravessar este momento.
(Pode ser bosque, praia, local da casa.)

Lembra que vai passar. É um momento.

Depois da celebração toma tempo para te cuidar: chá quente, banho quente com sal e alfazema, comida simples, leve e nutridora. Repousa e faz somente o que tens vontade de fazer. 
Lembra que por vezes a maior desorientação nervosa vem depois da exposição, como uma descida ou ressaca emocional. Ter tempo para regenerar é mesmo muito importante. Se estiveres de férias tira um ou dois dias de auto-cuidado e se estiveres a trabalhar faz pausas e no fim do horário cuida bem de ti. Escuta mesmo as tuas necessidades emocionais e corporais. Porque é no repouso e no acolhimento destas necessidades que o sistema nervoso pode recuperar.

Que possamos celebrar com tanta Paz quanta possível.
Um Natal aconchegante e cheio de respeito e carinho.
🦉Dia 29 temos a primeira caminhada nocturna de Inverno para Mulheres.

Uma travessia contemplativa, iniciática, transformadora de encontro à potência da Terra que germina no frio coração do Inverno.

💌Temos poucas vagas disponíveis, se quiseres caminhar por favor consulta o link

https://feminineconsciousness.com/events/caminhada-nocturna-de-solsticio-de-inverno/?occurrence=2022-12-29
Sabem o que traz 2023?

☺️Conferência, encontro, festival de Eco-Mitologia
Será a primeira vez que se este tema será trazido de forma centrada em Portugal. Ocorrerá, em formato online, ao longo de uma semana – 7 dias de 25 a 31 de Março, entre as 6.45pm às 9pm, hora de Portugal continental.
Várias apresentações de 40min que incluem perguntas e respostas. Haverá apresentações (pelo zoom) ao vivo e conteúdos gravados, tudo em português ou com legendas. As apresentações ao vivo ficam gravadas para serem vistas ao seu ritmo.

👉 Promoção de inscrição antecipada até 10 de Fevereiro: https://serpentedalua.com/produto/1o-encontro-de-eco-mitologia
Por vezes para pessoas no espectro da alta sensibilidade as celebrações colectivas são uma pressão.
Para além do que nos conta das nossas histórias pessoais deste ano e de outras passagens, pode também aprofundar a visibilidade de quem está só, nas ruas, a atravessar fases tão duras bem como a situação ecológica ou a forma como os animais sofrem com o ruído desta celebração.
Há muitos pontos de activação neste dia e há ainda a pressão de celebrar, estar alegre ou bem quando pode não ser o que estamos a sentir.

Por isso, sublinho a importância da auto-preservação:
- a quem tenha feito planos e não se sinta capaz de os levar adiante: está tudo bem em mudar de ideias para respeitar o nosso sistema nervoso
- a quem queira sair mas precise de ficar menos tempo: é um gesto de maturidade reconhecer, respeitar e comunicar os nossos limites (que variam a cada dia e fase de vida)
- a quem decide ficar só: o que seria nutridor hoje? Esta pergunta é tão orientadora
- se temos celebrações em grupo em casa: como criar um espaço que seja seguro e simples para todas as pessoas que fazem parte?

Nota que vivemos numa cultura completamente viciada em intensidade e alta estimulação.
Nem todos nós conseguimos acompanhar. Ao entrar em esforço arriscamos a ressaca social, que é uma baixa do sistema nervoso caracterizada pela forte exaustão, isolamento e tristeza.

Por vezes, escolher grupos mais íntimos, ou até estarmos apenas connosco no nosso ambiente e criar a nossa própria cerimonia de fim de ciclo pode ser mais nutridor e permitir atravessar com mais respeito, integridade e consciência esta noite.

Eu preciso de espaço e tempo para me regular porque as transições são sempre algo que ao mesmo tempo me inspira mas também me desorienta.

Respirar, acender uma vela, aquecer a casa, defumar, escrever, banho quente com sal e alfazema, oferenda de preces a quem está em situação de desamparo, reconhecimento do tanto que tenho a agradecer sobretudo à generosa Terra, Água, animais e plantas, preparação de alimentos nutridores e partilha com poucas pessoas que me são mais próximas são os meus gestos para hoje.
Quais os vossos?

Que Caminhemos com Carinho a cada passo do caminho.💜
Sento -me na escada
A noite caiu na gentileza brutal do Inverno.
Parecem contrários não é?
Mas não são.
A vida selvagem é feita de continuidade e complementaridade: sim, o Inverno como qualquer outra estação é brutal e gentil, entre tantas outras coisas, ao mesmo tempo.
Faz-me lembrar que para os proto-Celtas Brigid, a Deusa Brilhante é também a Senhora da Noite. Que sentido tem a estrela sem o céu nocturno? Que sentido tem o Sol se não nascer da noite e nela repousar? Para haver sentido há continuidade, não um ou o outro mas um e o outro.
As culturas sem conceitos duais são as que melhor entendem que tudo são processos que se entrelaçam noutros processos: rios e afluentes fluindo num ciclo de águas ininterrupto e contínuo mas nunca o mesmo.

Sento-me na escada entre plantas e gatos e reflito.
Todo o dia o dia inteiro cuido de me regular.
Ao fim do dia o corpo está elétrico. Ainda.
As dores vão e vêm numa cadência ritmada. Já as conheço, não lhes quero mal. Estão aqui parte de um processo, são uma linguagem que preciso de escutar e aprender porque trazem notícias de partes profundas de mim.
Sou um rio aprisionado numa barragem e estou a desconstruir pedra a pedra este muro.
A coluna vertebral tem um tremor que vibra, o estômago aperta e a respiração continua, presente e consciente, a atravessar o espaço com delicadeza.
Quanto mais tempo para a cura?
Quanto mais?
Foram anos, décadas, a criar um padrão de sobrevivência. Para proteger criou um preço a pagar, mas funcionou até poder ser desnecessário.
Sentir dor é finalmente um suspiro de alívio.
Só em segurança podemos sentir dor, em perigo lutamos, fugimos, congelamos mas não podemos sentir porque nos é demasiado ameaçador.
A dor é o princípio da cura.
A fada negra que traz a benção mais importante: a do início de um novo caminho.
Por fim sinto o cansaço. Os dias são desiguais. A sensibilidade é o dom trazido pela exaustão e que nos permite perceber, por fim, o amparo abençoado do chão.
Não se apressa o processo de cura: haja reverência. Como pode algo que demora anos a criar curar depressa?! Não somos máquinas nem no corpo, nem na mente, nem no coração.
Há um labor dedicado celular a acontecer, consciente e inconsciente.
Respiro.
Não aceito mais não estar no corpo para não sentir o desconforto.
Respiro.
Não me abandono e não abuso de mim, nunca mais.
Respiro.
Só eu sou responsável de reconhecer e comunicar os meus limites e é fundamental que os aceite. Reconhecer e colocar limites requer potência, é força e foco para quebrar a ideia de seguir sempre avante ainda que quebradas e sem qualquer capacidade.
Respiro.
Hoje ao contrário de no início, ser eu é suficientemente bom. É tanto mesmo que não faça nada.
E como só eu vivo comigo todos os momentos de toda a minha vida devo-me respeito e lealdade. E muito amparo quando me engano no âmago do exercício da minha profunda humanidade.
Respiro.
Sou Terra selvagem e não monocultura. Sou um bosque em vias de recuperar da devastação de um extrativismo atroz, primeiro imposto pelos outros e depois internalizado por mim. Demora. Confio.
Respiro.
Hoje percebo que a minha liberdade não é a transcendência dos meus limites mas o encontro estruturante do seu amparo.
Que a minha capacidade de escolher gentileza em vez de intensidade é um sinal de saúde: finalmente existe em mim auto-preservação. A minha fragilidade é um hino: não tenho nada a provar a ninguém e em nada diminui a potência que me habita.
Respiro e agradeço.
Afinal, estas dores já me deram tanto. E ainda estou e estarei no caminho.
Se eram necessárias? Não as romantizo, há tantas formas de chegar à consciência e claro que não podem nem devem passar todas pela dor, tão pouco a podem excluir completamente.
Respiro e transpiro palavras água neste texto que relembra:
Por fim existo porque me reconheço não uma identidade fixa mas um fluxo, um processo.
Sou um rio no retorno do caudal.
Estas pedras que me encolhem voltarão a ser montanha, osso da Terra, casa de musgo e líquen.
Eu voltarei a ser água.
Volto ao meu corpo e não o desamparo mais porque ele não merece jamais ser objetificado, nem na pressa da cura e na violência de querer um resultado final. Este corpo é Terra, feito de elementos, animais, plantas, minerais. É Alma.
Volto ao início maior, com humildade, leveza e Amor. Que são a única verdadeira força.

E honro quem inspirou estas palavras ao confiar-me as suas dores e ousar tecer reparação.
Bem como honro quem as lê e sente inteiramente.
Todos e todas sofremos sem ninguém ter visto, temos isso em comum.
Temos mistérios internos que ninguém imagina.
Partes de nós que ainda não conhecemos e estão a ser paridas nestas laboriosas dores de parto que deixarão para trás partes de quem fomos e farão nascer partes de quem seremos.
Somos quem está parindo, a parteira e quem está nascendo.
Temos isto em comum. A humanidade.
Que na diferença de opinião o possamos lembrar sempre.
Buscamos a reparação e a serenidade.
O caminho até lá é uma peregrinação e depois de chegar é uma prática constante diária, porque é o cuidar que sustém o gerúndio do curar contínuo.

" Come healing, come into my bones.
Come healing make this body a home."
Lydia Violet
Uma vez por ano partilhamos saberes Ancestrais fundamentais.
Durante milénios conhecer e saber conservar e preparar medicinalmente plantas foi uma das bases da sobrevivência humana.
Hoje, muitas vezes não sabemos quão preciosas para nós são as plantas que nos rodeiam e como podem apoiar de forma tão profunda a nossa saúde.

Dia 14 pela manhã temos 3h30 de masterclass de Herbalismo de Inverno: vamos aprender quais as famílias de plantas fundamentais para esta fase do ano e como fazer macerações medicinais em vinagre, tinturas, elixires, oxymel, infusões, decocções e banhos medicinais de apoio e fortalecimento do sistema imunitário, respiratório e nervoso.

A aula fica gravada para que a possas rever sempre que precisares e também para quem não pode estar presente no dia mas não quer perder a oportunidade de integrar este saber na sua vida.

💌 Inscrições
senhoradazenha@gmail.com

🌿 Informações:
https://feminineconsciousness.com/events/masterclass-de-herbalismo-de-inverno_22/?occurrence=2023-01-14
🕯️ Às 17:30 temos encontro no Zoom para mais uma episódio ao vivo do nosso podcast.

Link abaixo.
Toda a gente é bem-vinda. 🍁

https://us02web.zoom.us/j/88396518634
🌿 Sábado à tarde, depois da Masterclass de Herbalismo Ancestral, temos uma caminhada por entre o Bosque.
Resgatando a relação consciente com as plantas como seres sencientes, a sua importância para o solo e ecossistema, os seus dons medicinais e a sua mitologia ancestral.

Para quem participa na Masterclass o valor tem um desconto de 50%

As vagas são muito limitadas e já poucas restam.
Quem se junta?

🕯️ Informações:
https://feminineconsciousness.com/events/caminhada-de-herbalismo-medicinal/?occurrence=2023-01-14
💌 senhoradazenha@gmail.com
🦉Olhem só a conversa que já está disponível. Esta foi incrível, espontânea, tecendo-se a sim mesma e com a benção da participação de quem esteve connosco.

🌿O Ciclo da Violência

Com Ana Alpande e Íris Garcia
Este episódio começa sem tema, navegando ao sabor do vento mas logo se transforma numa conversa participativa sobre trauma, violência, abuso e a necessidade de reconhecer os lugares de vítima, salvador e perpetuador.
Gratas a quem se fez presente e ofereceu a sua voz.


https://open.spotify.com/show/4c8KZL7R2fgPfMcExMpE1m
🕯️🕯️Saiu hoje a nossa newsletter de Fevereiro, alinhada com as celebrações da Candelária (Imbolc) e também com as primeiras notícias da nossa Peregrinação de Ostara a Inglaterra neolítica.

🌿Iniciamos Fevereiro, que assinala o meio do Inverno, com dois convites envoltos em Amorosidade e intimidade com a Terra Viva:

🌿Dia 3 de Fevereiro, pelo fim da tarde (19h), adentramos o Bosque para caminhar na protecção de Turibriga, a Senhora do Leite, celebrando assim a Candelária.

🌿Dia 12 de Fevereiro, temos um dia de Xamanismo Ibérico onde abraçamos a  Senhora do Leite e da candeia: Turibriga.

👇Continua
🌿 ELLA
Uma viagem ao coração dos lugares sagrados das Terras de Brigid, num círculo de mulheres íntimo.
Caminharemos pelos trilhos Ancestrais neolíticos, visitando e cerimonializando com reverência e amorosidade em círculos de pedras, monumentos fúnebres, cascatas, nascentes, montanhas.
Adentrando o saber das plantas do herbalismo medicinal e mágico Celta e druidíco.

🌿Link completo aqui:
https://mailchi.mp/e1e552e26ae2/candelria-caminhada-nocturna-celebrao-de-xamanismo-e-peregrinao-a-inglaterra-neoltica

💌 senhoradazenha@gmail.com