Dicas de português - Prof. Juciano
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Português e redação para concursos públicos, Enem e vestibulares.

Por: @juciano
Redação: @redacaoplay

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Sua atitude não condisse ou não condizeu com suas palavras?

E aí, galerinha? 😅

Vamos lá. O correto é "sua atitude não CONDISSE! Não tem segredo, porque CONDIZER é conjugado como DIZER.

Exemplos:
Aqueles acontecimentos não condisseram com o que era esperado.

Certamente essa apresentação condirá com os ensaios anteriores.

Se suas ações condissessem com suas promessas, eu não precisaria me preocupar tanto.

Que fácil, não é? 😁

Bons estudos! ❤️
Todo incluso é incluído, mas nem todo incluído é incluso

Jota, qual é a forma correta: incluso ou incluído? 🤔

Embora haja ainda alguma polêmica acerca da correção da palavra incluso enquanto particípio irregular do verbo incluir, o seu uso já se encontra consagrado em dicionários e gramáticas. Assim, incluído e incluso são duas formas equivalentes do particípio do verbo incluir, considerado atualmente um verbo abundante. Incluído é o particípio regular e incluso é o particípio irregular.

• A forma incluído é utilizada preferencialmente com os verbos auxiliares ter ou haver.

• A forma incluso é utilizada preferencialmente com os verbos auxiliares ser ou estar.

Contudo, a forma incluído é considerada a mais correta, sendo o seu uso privilegiado pelos falantes.

Exemplos:

A funcionária já tinha incluído o desconto no valor total da fatura.

A funcionária já havia incluído o desconto no valor total da fatura.

O desconto já está incluso no valor total da fatura.

O desconto já foi incluso no valor total da fatura.

Pouco utilizada enquanto particípio, a palavra incluso é mais utilizada enquanto adjetivo , indicando algo que está incluído, que está inserido dentro de algo, que se anexou a outra coisa, que faz parte de algo, entre outros.

Exemplos: Segue documento incluso em carta fechada.

Bons estudos, galera! 😁
Como deixar de lado alguém que a gente quer do lado?

Que língua linda! Não é, galerinha? 😍

Deixar DE lado: expressão usada com sentido de esquecer, abandonar, deixar pra lá.

DO lado: pertinho, juntinho, ao lado.

Compartilhem e bons estudos! ❤️
PRECISO DE ESTUDAR MAIS OU PRECISO ESTUDAR MAIS?

E aí, qual é o certo, galerinha?

Na verdade, ambas as construções são corretas. Segundo o gramático Evanildo Bechara, essa construção é uma locução verbal. A preposição "de" pode ou não ser usada para ligar o verbo auxiliar ao verbo principal. Para outros gramáticos, não há locução, e sim duas orações (na primeira, o verbo está como transitivo indireto; na segunda, como transitivo direto).

No português brasileiro, a segunda forma é a mais comum. No português europeu, a primeira forma é a mais comum. Viva a língua portuguesa!

Bons estudos! ❤️
Olá, galerinha. 😉

Vocês farão ou pensam em fazer o Enem nos próximos anos?

Muitas novidades e conteúdos exclusivos para gabaritar Linguagens e conseguir 1000 na redação estão chegando. ❤️
BASTANTE... 🧐

Olá, galerinha! Tudo bem? 😉

O vocábulo BASTANTE pode ser substantivo (acompanhado de artigo); adjetivo (quando vem depois de substantivo, equivalendo a “suficiente(s)”); pronome indefinido (antes de um substantivo); e advérbio (quando modifica verbo, advérbio ou adjetivo).

Veja os respectivos exemplos:

– Isso não foi o bastante?
– Não houve indícios bastantes para que ele fosse preso.
– Convidamos bastantes pessoas para a manifestação.
– Eram bastante caras aquelas roupas.

Fácil, não é? 😄

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Bons estudos!
Impactante, assustadora e comovente. A grande reportagem da mineira Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro, sobre o hospício Colônia, localizado na cidade de Barbacena (MG), é mais do que uma leitura daquelas que nos coloca para pensar. O livro põe o dedo em uma ferida antiga e ainda aberta na sociedade, o preconceito que faz com que o diferente seja sempre visto como anormal.

Grande recomendação. 😍 Um clássico do jornalismo contemporâneo no Brasil. Quem já leu? 😁

Indique-me obras: @jotadrake; Ótimo final de semana. ❤️
💭 O SUSTINHO

Dentre as inúmeras manifestações da hipocrisia, a que mais me irrita é o sustinho. Falo daquele falso assombro interrogativo que certas pessoas demonstram ao ouvir uma pergunta que, embora tenham entendido, não foi feita de maneira precisa.

Você está no supermercado, chega pro funcionário da área de verduras e pergunta: “Amigo, faz favor, sabe se aqui vende aqueles tomatinhos?”. Claro que o nome oficial do produto que você está procurando não é “tomatinho”, é tomate cereja, mas você esqueceu e não achou que fosse necessário procurar a palavra nos baús da memória: afinal, se o sufixo “inho”, em nosso idioma, caracteriza o diminutivo e os tomates cereja são a menor variedade do rubro fruto, não é preciso ser nenhum gênio pra concluir que tomate + inho = tomate cereja. O funcionário do mercado, contudo, é um adepto deste pequeno jogo de dissimulação, o sustinho, e não perde a chance de praticá-lo, soltando seu “Ãhm?!” estarrecido, como se você houvesse pedido elefantinhos, pergaminhos ou uma massagem tailandesa.

Ciente de que ele entendeu, de que só está querendo implicar, passa por sua cabeça, durante um segundo, não se render, bater o pé no chão e dizer “tomatinhos, sim senhor! E tire essa expressão de asco do rosto, impostor, pois sabe exatamente do que estou falando e se não me levar até eles imediatamente será atingido por uma abóbora japonesa!”.

Pensando melhor, você decide evitar a discussão e fugir da briga, de modo que aceita o jogo e reformula a pergunta, “aqueles tomates pequenos, redondos, assim, ó, que vêm numa caixinha de plástico, sabe?”. Percebendo que você se submeteu, que fez seu ato de contrição, o falsário simula uma pequena epifania: “Ahhhhhhhhhh! Tomate cereja! Por que não disse antes?! Ali, ó, embaixo das berinjelas”.

O sustinho está tão difundido entre nós que quase já não o percebemos. É quase impossível pedir informação a um pedestre, por exemplo, sem ser recebido com um sustinho. Você pergunta pela Rubem Berta e ele, “Ãhm?! Rubem Berta?!”. Você acha que ele não sabe onde fica? Que nunca ouviu falar? Nada, era só sustinho, uma pitada de malcriação antes de te explicar exatamente como chegar lá.

Muito triste, meus amigos, o sustinho: não só por tratar-se de uma pequena agressão, um peteleco na orelha de nossa esperança na humanidade, mas porque usa as roupas e maquiagem do verdadeiro espanto, da surpresa genuína, que em grandes ou pequenas doses são sinal de saúde da alma e abertura do espírito — bem diferentes dessa falsa careta de incompreensão, com que infelizes nos brindam diante das mais simples perguntas, com o único intuito de dividir conosco um pouco de suas amarguras.

Bom domingo a todos! ❤️
EU SÓ COMPITO OU COMPETO COM QUEM JOGA LIMPO!?

E aí, galerinha? 😁 A resposta é: Eu COMPITO.

Deu nó na cabeça? 😅

Houve um tempo em que diziam não existir a conjugação do COMPETIR na primeira pessoa, mas existe, sim.

Se você achou estranho, basta pensar que é semelhante ao REPETIR: eu repito / eu compito.

Bons estudos! ❤️
05 PALAVRAS QUE QUASE TODOS PRONUNCIAM DE FORMA ERRADA

1. INEXORÁVEL
Pronúncia frequente: ineczorável
Pronúncia correta: inezorável

2. RUBRICA
Pronúncia frequente: rúbrica
Pronúncia correta: rubríca

3. RUIM

Pronúncia frequente: rúim
Pronúncia correta: ruím

4. SINTAXE
Pronúncia frequente: sintácse
Pronúncia correta: sintásse

5. SUBSÍDIO
Pronúncia frequente: subzidio
Pronúncia correta: subcidio

Já sabia? 😁

Bons estudos, galerinha! ❤️
VAMOS FAZER AMOR? 🙈😈

E aí, galerinha? 😁

O termo "amor" está completando o sentido do verbo "fazer". Torna-se, assim, um convite lascivo, pois a junção das palavras criou a expressão "fazer amor". A foto do bolo demonstra que houve a intenção de brincar com o interlocutor ou de confundi-lo deliberadamente, o que é confirmado quando o autor pergunta "e o bolo?".

Se a pessoa tivesse usado uma vírgula, o termo "amor" se tornaria aquilo que chamamos de VOCATIVO , ou seja, indicaria o destinatário da( mensagem. Teríamos, portanto, um convite para fazer o bolo da imagem. Veja a diferença:

Vamos fazer, amor? (a pessoa chamou o amor para fazer algo)

Vamos fazer amor? (a pessoa chamou alguém para fazer amor)

Vale lembrar que o uso da vírgula para separar o vocativo é OBRIGATÓRIO mesmo nos casos em que sua ausência não provoca mudanças de sentido.

Bom dia, pessoal!
Parabéns, querida!
Aceita um café, senhor?

Cuidado, pessoal! 😂

Bons estudos! ❤️
PARTICULARIDADES DO VERBO VISAR

E aí, galerinha? Tudo bem? 😁😊

• Ele visava passar no concurso para ser professor titular.

É uma construção correta, pois, sendo seguido de verbo, visar dispensa preposição.

• Ele visava ao cargo de professor titular.

É uma construção correta, pois o verbo visar, no sentido de almejar, pede a preposição "a".

Bons estudos! ❤️
"ATT." 😕

Olá, galerinha! Vocês sabiam que a abreviatura oficial de atenciosamente não é "Att."? 🤭

Vamos lá, eu explico... 😜

A abreviatura oficial de "atenciosamente" é "at.te". O site da Academia Brasileira de Letras confirma a informação.

No entanto, no Brasil, temos uma ampla preferência por "Att.".

Algumas considerações:

A. Os textos legais que orientam a ortografia não regulamentam o uso de abreviações e abreviaturas. Portanto, variações são comuns e aceitas.

B. Em geral, "Att." é considerada uma forma reduzida de "attention to", em inglês.

C. É considerado mais elegante, educado, delicado e cortês escrever ATENCIOSAMENTE assim, por extenso.


E. Como bem escreveu Marcuschi, "são os usos que fundam a língua e não o contrário". Pensando nisso, acreditamos fortemente que, se houver uma regulamentação clara e específica acerca das formas reduzidas, é bem possível que "Att." seja registrada como a forma correta, em função de seu USO CONSAGRADO.

Conclusão? Não precisa passar a escrever "At.te" nos seus e-mails se não quiser, nem corrigir quem prefere usar as outras formas. A falta de regulamentação torna a flexibilidade totalmente possível. 😁

Bons estudos, pessoal! ❤️
MEIO DE DIREITA, MEIO DE ESQUERDA...

Depois que o muro de Berlim foi partido em cubinhos e vendido como souvenir e a Colgate uniu o mundo num único e branco sorriso, muita gente pensou que esquerda e direita tinham ficado para trás. Dizia-se que, dali em diante, os termos só seriam usados para indicar o caminho no trânsito e diferenciar os laterais no futebol. Afinal de contas, estávamos no fim da história e, como sabíamos desde criancinhas, todos viveriam felizes para sempre.

Mas o mundo gira, gira e – eis aí um grande problema de rodar em torno do próprio eixo – voltamos para o mesmo lugar. Se a história se repete como farsa ou como história mesmo, não faço a menor ideia, mas ouso dizer que hoje em dia não se chupa um Chicabom sem optar-se por um dos blocos.

Ah, como fomos tolos! Acreditar que aquela dicotomia ontológica resumia-se à discussão sobre quanto o Estado deveria intervir no mercado (ou quanto o Mercado deveria ser regulado pelo estado, o que vem a ser a mesma coisa, de maneira completamente diferente) é mais ou menos como pensar que a diferença entre homens e mulheres restringe-se ao comprimento do cabelo.

Estado e Mercado são apenas a ponta de um iceberg. Justamente agora, quando esquerda e direita, pelo menos em suas ações, pareciam não divergir mais sobre as relações entre Estado e Mercado (ponhamos assim, os dois com maiúsculas, para não nos acusarem de nenhuma parcialidade), a discussão ressurge lá do mar profundo, com toda a força, como o tubarão de Spielberg.

Para que o pasmo leitor que, como eu, dá um boi para não entrar numa discussão, mas uma boiada para não sair, não termine seus dias sem uma única rês, resolvi enumerar algumas diferenças entre essas, digamos, maneiras de estar no mundo. Liquidificador é de direita. (Maquiavel: dividir para dominar). Batedeira é de esquerda. (Gilberto Freyre: o apogeu da mistura, do contato, quase que a massagem dos ingredientes). Mixer é um caudilho de direita. Espremedor de alho é um caudilho de esquerda. Mostarda é de esquerda, catchupe é de direita – e pela maionese nenhum dos lados quer se responsabilizar.

Vogais são de esquerda, consoantes, de direita. Se A, E e O estiverem tomando uma cerveja e X, K e Y chegarem no bar, pode até sair briga. Apóstrofe anda sempre com Friedman, Fukuyama e Freakonomics embaixo do braço. (O trema e a crase acham todo esse debate uma pobreza e são a favor do restabelecimento da monarquia).

Planície é de direita, montanha é de esquerda. Terra é de direita, água é de esquerda. Círculo é de esquerda, quadrado é de direita. “É genético” é de direita. “É comportamental” é de esquerda. Aproveita é de esquerda. Joga fora e compra outro, de direita. Onda é de direita, partícula é de esquerda. Molécula é de esquerda, átomo é de direita. Elétron é de esquerda, próton é de direita e a assessoria do neutron informou que ele prefere ausentar-se da discussão.

E, assim, caminhamos pisando inadvertidamente numa dessas minas ideológicas, mandando os ânimos pelos ares e causando inestancáveis verborragias.

Bom domingo a todos! ❤️
Sabe por que você riu? Por causa dos homônimos perfeitos! Nunca ouviu falar?

Homônimos perfeitos são palavras com mesma grafia e mesma pronúncia; o significado é diferente e, normalmente, a classe gramatical também.

A graça existe porque o pinguim em cima do gelo usa NADA como forma do verbo nadar, mas o pinguim na água entende como pronome indefinido.

Esse ruído na comunicação é que gera o humor... Coitado do pinguinzinho. 😅

Bons estudos, galerinha! ❤️
AO ENCONTRO DE OU DE ENCONTRO A?

Olá, galerinha. Tudo beleza? 😁


AO ENCONTRO DE e DE ENCONTRO A são duas expressões que ouvimos muito todos os dias, mas muita gente se confunde ao usá-las. Então, anote aí:

1ª) AO ENCONTRO DE passa a ideia de estar de acordo com alguma coisa, de ser favorável a alguma coisa, estar junto a alguma coisa ou alguém. Por exemplo: “Hoje, vou AO ENCONTRO DE Fernanda.”

2ª) DE ENCONTRO A tem outro significado, quer dizer ir contra alguma coisa ou alguém. Veja este exemplo: “Sua proposta vai DE ENCONTRO Aos interesses da nossa empresa.”


Tome cuidado para não se confundir e trocar as duas expressões, pois os significados são opostos.

Bons estudos! ❤️
INADEQUAÇÕES VOCABULARES

Olá, galerinha. ❤️

Hoje analisarei e comentarei algumas frases com inadequações.

"Você vai conseguir falar com gente que você nunca falou antes..." 👎🏻

Correção: " Você vai conseguir falar com gente com quem/ com as quais você nunca falou antes". 👍🏻

Comentário: o pronome relativo deve aparecer regido de preposição "com", pois quem fala, fala com alguém.

Os bancos internacionais, onde o Brasil é credor, decidiram rever as taxas de juros. 👎🏻

Correção: "Os bancos internacionais, dos quais o Brasil é credor, decidiram rever as taxas de juros." 👍🏻

Comentário: o pronome "onde", enquanto relativo, deve sempre indicar lugar. Ex: Eis o colégio onde estudo.

O raciocínio que deve ser empregado neste exemplo é: o Brasil é credor de quem? - dos bancos internacionais; portanto, dos quais é credor.

Bons estudos! 😄
MÚSICAS COM ERROS DE PORTUGUÊS

Olá, galerinha. 😊

Alguns hits brasileiros são como chiclete, mas é melhor tomar cuidado, pois confiar demais na linguagem das canções pode ser prejudicial na hora de falar e escrever, afinal, músicas com erros de português aparecem com frequência nas paradas de sucesso.

Entre Tapas e Beijos , de Leandro e Leonardo. Apesar de todo o romantismo sertanejo e popularidade, a canção é marcada por uma frase para lá de redundante:

Se me manda ir embora/ Eu saio pra fora.

O fato de 'sair' já emprega automaticamente que vai 'para fora' de algo ou algum lugar, logo, não há necessidade do complemento da frase. 

Quem também abusou da redundância foi Raul Seixas em:

"Eu nasci há dez mil anos atrás."

Afinal,  'há dez mil anos' já deixa explícito que é um fato no passado, portanto não há necessidade do complemento 'atrás'.  Assim, o certo é somente 'Eu nasci há dez mil anos'.

Suíte 14  , da dupla Henrique e Diego:

'Suíte 14, banheira de espuma
Nós dois se amando e a lua por testemunha.'

Nem todos os apreciadores da canção se deram conta da derrapada linguística no refrão da música: "Nós dois se amando e a lua por testemunha". Como muitos outros cantores brasileiros, os sertanejos também não se importaram com a concordância verbal, já que o correto é: 'Nós dois nos amando'.

Bons estudos! ❤️
PARALELISMO

Olá, galerinha. ❤️

O paralelismo sintático é primordial para a construção das ideias. Ocorre quando há uma coordenação de termos com valores sintáticos idênticos. Logo, todos os elementos coordenados de um período entre si precisam apresentar a mesma estrutura.

Exemplo: A moça abriu a porta e
colocou as chaves sobre a mesa.


As orações (abriu a porta/ colocou as chaves) possuem valores sintáticos idênticos; estabelecem, portanto, paralelismo sintático.

Misturar estruturas ocasiona erros de paralelismo, como o que pode ser observado nesta construção:

A discussão sobre legalização, descriminalização ou manter a proibição da maconha parece não ter fim.


Qual elemento coordenado que não apresenta a mesma estrutura dos demais? Parabéns se disse manter a proibição!

Essa expressão não tem o mesmo valor sintático de que legalização e
descriminação. Estes são substantivos. Para que haja paralelismo sintático, todos os termos coordenados devem ser ou substantivos ou verbos:

A discussão sobre legalização, descriminalização ou proibição da maconha parece não ter fim.

Ou: A discussão sobre legalizar, descriminalizar ou manter a proibição da maconha parece não ter fim.

Bons estudos! 😁
CRÔNICA DE NATAL I

Há um tempo, os adultos continuavam à mesa, bebendo, falando e rindo, enquanto eu, metido num canto sob o vão da escada, analisava, curioso, a cueca que tinha acabado de ganhar de Natal. Conjecturava, mais especificamente, a respeito de uma pequena e retangular incongruência, costurada em seu elástico: uma etiqueta.

Durante meus primeiros anos de vida, a função das cuecas foi um enigma. Pra que usar uma sunga de algodão por baixo da calça, a apertar-nos o pinto, o saco e a bunda, se a todas essas partes do corpo era tão agradável o toque macio do moletom? O mistério arrastou-se até o dia em que meu pai, ouvindo-me reclamar da etiqueta de uma bermuda, a me pinicar as costas, sugeriu que eu vestisse uma cueca. Das trevas fez-se a luz. Então era isso, claro: elas existiam para nos proteger das etiquetas!

Como eram engenhosos os adultos: para cada doença um remédio, para cada problema uma solução, cada coisa no mundo tinha uma função. Assim segui pensando até aquele Natal, quando abri o pacotinho de plástico e fui novamente engolfado pela noite da ignorância: se me dessem um cachorro com etiqueta, tudo bem; um carro com etiqueta, numa boa; um caqui, sem problemas: mas uma cueca, cuja função era exatamente…

Decidido a resgatar a lógica perdida, fui até a mesa de jantar, cavei uma brecha entre meu tio e minha mãe e, crente de que a etiqueta falaria por si, coloquei a cueca no meio da mesa. Minha mãe a pegou, esticou, olhou de um lado, do outro, olhou pra mim:

— Que que foi?

— A etiqueta, mãe!

— Tô vendo, e daí?

— Ué, a cueca não é pra etiqueta não pinicar?

Os adultos riram, mas não me intimidei:

— Se não é pra proteger da etiqueta, pra que que serve a cueca?

As risadas cessaram e depois de um breve silêncio todos começaram a palpitar ao mesmo tempo.

— Serve pra não prender o pinto no zíper — disse uma tia.

— É pra deixar tudo juntinho e não ficar balançando de um lado pro outro — sugeriu meu avô.

— É pra proteger — opinou um primo.

Prender no zíper? Mas e quando usava moletom ou short? Deixar tudo juntinho? Mas o legal era que aquilo balançava, ué. Proteger o pinto? Do quê? De quem? E se de fato algo ou alguém resolvesse atacá-lo, cobri-lo com aquela fina camada de algodão não me parecia a melhor estratégia. (Uma cueca de aço, como a de uma armadura, seria muito mais útil — e, pensando bem, muito mais legal.)

Não podia aceitar aquelas respostas, tanto por serem ruins quanto por serem muitas: cada coisa neste mundo tinha uma explicação e eles não sabiam me dar a da cueca. Na volta ao vão da escada, passei pela cozinha, peguei uma tesoura e, encolhido em meu rincão, cortei rente à costura a fonte da minha angústia.

Agora a etiqueta não me causaria incômodo algum. Algo mais sutil, porém, passaria a me pinicar, daquela noite em diante: se eles não sabiam nem a função da cueca, como confiar no resto?

Bom domingo a todos! ❤️