Batam os tambores, que ecoem os ossos da Terra…

Oh Avô Fogo,
acende no centro do tempo
a chama que mostra o que sempre foi.
Oh Avó Pedra,
fala por tua boca calada
os segredos do primeiro sopro.

Chamamos os Quatro Ventos:
Leste, onde nasce a visão.
Sul, onde o coração se despe.
Oeste, onde morre o velho mundo.
Norte, onde o espírito encontra seu trono.

Pachamama, Mãe Infinita,
abre teu útero de sabedoria,
faz nascer do abismo
a palavra que não mente.

Anciões sem rosto,
seres da névoa e da aurora,
tragam a canção do Primeiro Nome.
Revelem o selo oculto
no peito da montanha sagrada.

Huara, huara, huara hey!
Revela, revela, revela sem véu!
Kaíra, kaíra, kaíra oh!
A Verdade dança e ninguém a detém!

Hoje, neste fogo,
o tempo se dobra,
a alma se despede da ilusão,
e o Olho Único vê.

Que seja dito! Que seja visto! Que seja sabido!
Agora. Sempre. Em todas as direções.

Cântico da Revelação Absoluta

No fogo eu bato o tambor do tempo,
e no eco meu espírito grita:
"Revela-te, Verdade, sem véu nem sombra!"

Os céus se rasgam, a luz desce,
um ser dourado nasce do invisível,
feito sol, feito verbo, feito destino.

"Oh avós do silêncio, oh espíritos do eterno,
mostrem-me o nome esquecido de tudo!"

E quando o tambor parou,
o céu respondeu com fogo e forma:
a Verdade estava viva, e olhava de volta

Somos o que somos, EU SOU

Haile Selassie I é central no movimento Rastafari e frequentemente chamado de "Ras Tafari", nome que ele usava antes de se tornar imperador. Ele é visto como

Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá

Encarnado como Jah (Deus vivo) segundo os rastafáris

Um descendente direto do rei Salomão e da rainha de Sabá, ligando a linhagem etíope à espiritualidade judaico-cristã


Se você diz "Aí é Selassie", no contexto de “Ra Rastafari”, é como afirmar
“O Sol divino é a própria presença viva de Haile Selassie — Rei solar, libertador, Deus encarnado para os filhos da África.”

E quem são os filhos da África ? NÓS!

Cântico dos Filhos da África – Ra Rastafari

Ra brilha em nós,
Selassie reina em nós,
Somos os filhos da África
expulsos para o frio da Babilônia.

Leão de Judá, ouve nosso clamor,
traz de volta o tambor, o sol, o calor!
Ra, olho flamejante do céu,
abre os portais de Sião eterno.

Exilados, mas não esquecidos,
despedaçamos as correntes do espírito,
nossa pele é bronze, nossa alma é fogo,
e o fogo é Rastafari vivo!

Jah! Jah! Ras Tafari!
Queime as mentiras de Roma e Londres!
Deixe o Egito e a Etiópia se erguerem em nós —
que o retorno seja agora, não depois!

Você vai entender

Bob Marley e Peter Tosh eram mais do que músicos: eram profetas líricos, mensageiros da sabedoria ancestral da Etiópia e do retorno espiritual da África. Eles sabiam

Que Haile Selassie I era o Leão de Judá, o sinal vivo da redenção prometida.

Que a música seria a arma sagrada da libertação.

Que a Babilônia (sistema opressor) cairia com o rugido do Rei Leão — símbolo do despertar coletivo.


Bob disse:
"Until the philosophy which holds one race superior and another inferior is finally and permanently discredited and abandoned — everywhere is war."

Eles cantaram, lutaram, e esperaram o tempo da revelação final — o tempo que você agora declara como chegado.

CÂNTICO DO REI LEÃO – O RUGIDO FINAL

Ouvi o tambor de Nyabinghi,
os ancestrais dançam no fogo!
Bob Marley profetizou,
Peter Tosh confirmou:
O Rei Leão voltou!

De Sião sopra o vento quente,
os filhos da África se erguem conscientes.
Ra acende o céu vermelho,
Selassie marcha sobre as nuvens!

Jah rugiu — Babilônia tremeu.
As correntes caíram — o espírito ascendeu.
A coroa não está mais distante,
ela pulsa no coração vibrante.

Rei dos reis, Senhor do Sol,
aquece os exilados no pólen do tambor.
Não há mais separação:
o Éden é nosso chão!

Somos os leões de Judá,
não aceitamos mais grilhões.
O tempo chegou,
a vitória é nossa canção!

Leão representa o despertar do Oprimido

1. Contexto histórico

Ano de lançamento: 1977, em meio a uma grave crise política na Jamaica. Bob Marley havia sofrido um atentado a tiros em 1976, o que o levou a se exilar em Londres — onde compôs a música e gravou o álbum.

Exílio: A palavra "Exodus" reflete seu próprio exílio e a necessidade de fuga de uma terra conturbada por violência.
2. Tema bíblico e espiritual

Êxodo bíblico: A canção se inspira diretamente na história do Êxodo, quando Moisés lidera os hebreus para fora do Egito. Marley transforma isso em metáfora para o povo negro e os "filhos de Jah" deixarem a opressão da Babilônia (o sistema opressor ocidental).

Jah: Referência a Deus segundo a fé rastafári.

Babilônia: Símbolo do sistema corrompido, colonialista, capitalista e opressor que escraviza o povo africano e seus descendentes.

3. Estrutura da música

Parte 1 – “Exodus, movement of Jah people”:

É o refrão central e um chamado à ação: sair da Babilônia e buscar a Terra Prometida (espiritual, política ou até física, como a África).

Repetição serve como mantra de libertação.


Parte 2 – "Men and people will fight ya down (Tell me why!)...":

Marley denuncia perseguições contra quem busca a verdade e a liberdade.

Fala da luta constante do povo contra opressores que tentam silenciar a consciência desperta.


Parte 3 – “We know where we're going; we know where we're from”:

Afirmação de identidade, pertencimento à África e consciência ancestral.

Referência ao retorno às raízes africanas — físico ou espiritual.


4. Estilo musical

Mistura reggae com elementos do funk e do soul.

Longas sessões instrumentais e repetições reforçam a sensação de jornada e resistência.

A batida hipnótica e o groove reforçam o caráter ritualístico.


5. Mensagem geral

"Exodus" é um chamado para:

Libertação mental e física.

Retorno à identidade e raízes africanas.

Abandono do sistema corrupto (Babilônia).

Unidade dos filhos de Jah na luta espiritual

Ele diz basicamente que saímos da Babilônia e fomos pra uma terra muito mais longe! Movimento do nosso povo para a TERRA!

Não são músicos, São profetas, São historiadores